• São Vicente

Os solares têm uma arquitectura rústica de carácter forte e sóbrio, datando quase todos do século XVIII, época de alívio económico, advindo da exploração vinícola. Estes casarões dispensavam qualquer ostentação e eram compostos por dois andares: o rés-do-chão destinava-se ao lagar e a guardar as colheitas. O acesso ao sobrado, zona nobre da casa, era feito por uma escada exterior.

Até ao estabelecimento da actual rede viária, que cada vez mais avança para o progresso no sentido de encurtar as distâncias, passou-se um sinuoso percurso na aproximação da vertente Norte à Sul. Antes do aparecimento do automóvel e da rede viária, a costa Norte manteve-se um local perdido, quase inacessível aos simples mortais.

Mas as privações da viagem até à vila de S. Vicente eram bem compensadas. De acordo com Raul Brandão “a ilha é um cenário deslumbrante”. 

Contudo, foi Marquez de Jácome Correa quem melhor entendeu S. Vicente e o descreveu. A Encumeada revelou-lhe um vale semelhante “ao estado em que se achava quando os navegadores a surpreenderam na sua virgindade e no seu isolamento”.

Horácio Bento de Gouveia disse no seu livro “a região norte da Madeira é de uma beleza rude que impressiona; nela dominam os aspectos das primeiras idades do mundo. É a zona mais fresca de nossa ilha, a mais propiciatória à emigração para veraneio”. Eis a compensação: a vegetação exubrante, a abundância de águas derramadas em cascatas que levou James Yate Johnson a designar S. Vicente de “Cascade Valley” (Vale das Cascatas), as culturas, as laranjeiras, as casas de pedra e a minúscula capela cravada na rocha.

Uma fascinante atração são as Caves de São Vicente, que são na realidade tubos de lava criados quando a Madeira ainda era vulcanicamente activa. Clique aqui para mais informações.